O traje, a segunda pele que veste um corpo com história, um povo dedicado ao seu lugar, ao seu Minho. Com o Grupo de Danças e Cantares de Perre podemos perceber que nesta freguesia eram diferentes as tipologias e forma de trajar, ou seja, a forma como as pessoas se vestiam para diferentes situações. Hoje chama-se trajar, no seu próprio tempo a acção chamava-se vestir, proteger e adornar era o que regia a utilização das diferentes formas e cores.
A variação advém da função e da forma como cada um vivia o seu dia a dia. Se alguém ia para o campo ou para outra situação de trabalho, os trajes evidenciavam-se pela leveza das cores e pela simplicidade formal: brancos, castanhos, tons que simplificavam e ajudavam a proteger da vida árdua de cada um.
Já em tempo de festa, ou numa situação mais “domingueira”, os corpos eram cobertos com outras cores e com outras formas mais vastas e coloridas.
Não esqueçamos o famoso traje à vianesa com os seus vermelhos e azuis, que tanto caracteriza esta zona geográfica. Se com estes trajes se sentia uma alegria visual, existe também a necessidade de adornar em outras situações. Vejamos os trajes de mordoma, ou mesmo o de noiva, que fazia explodir um contraste entre o negro e os brilhos das missangas.
Contudo a forma como se vivia o dia a dia podia também rever a cor que cada um expunha na sua roupa, como os tons mais escuros que eram usados em situações de distância ou por morte de alguém próximo.
Falar do trajar é divagar por um largo conjunto de formas e relações emocionais e sociais. Um “corpo” com história, que se cobre de um passado revisitado. O grupo representa isto, permite que o público tenha acesso, hoje, àquilo que foi a forma de ser e estar, da freguesia de Perre, no seu passado.